quinta-feira, 16 de agosto de 2007

As novas dimensões da vida no mundo digital

Você tem uma “Segunda Vida”, ou “surfa” na Web 2.0?. Pode parecer um tanto estranho para o leitor de um caderno de negócios, pego de surpresa, encontrar este tipo de tema sendo discutido no âmbito corporativo. Se você pensa que “isso é papo de adolescente”, cuidado, pois o mundo está avançando muito rapidamente no Século XXI, onde a vida corporativa está intrinsicamente ligada à vida digital. Essas perguntas já permeiam muitas rodas de conversas no mundo dos negócios. Thomas Friedman, meu “guru da vez”, autor do best seller “O Mundo é Plano” (o qual já mencionei anteriormente em outro artigo), ordenou de maneira brilhante, em três fases, o fenômeno da “Globalização”, que para nós teve seu início, no desgastado jargão, somente na década de 90.Na sua visão, a Globalização 1.0 começou em 1492 e encerrou seu ciclo próximo de 1800, período em que Colombo, por meio de suas viagens em alto mar, deu início ao comércio entre o Velho e o Novo Mundo. A Globalização 2.0 (de 1800 a 2000) foi alavancada pela integração global e expansão das empresas multinacionais em busca de mercados e mão-de-obra, liderados por ingleses, holandeses e que abrangeu a Revolução Industrial. Vivemos atualmente a Globalização 3.0, caracterizada pela capacidade dos indivíduos colaborarem e concorrerem no âmbito mundial, com enorme facilidade e uniformidade, graças à abundância de tecnologias e meios de comunicação disponíveis.A Globalização 3.0 torna as fronteiras irrelevantes. Ela integra produtores, clientes e distribuidores, onde quer que eles estejam. O fenômeno da globalização está criando um novo fenômeno, que são as cadeias globais de suprimentos. Uma cadeia global tem sempre um líder (em inglês, o Grid Leader, no jargão de negócios). Esse Grid Leader pode ser a IBM, a GM, a GE, a Boeing, a Microsoft, a Wall Mart, ou até mesmo as globais brasileiras como a Gerdau, Embraer ou Vale do Rio Doce. O Grid Leader convida fornecedores diretos e, por tabela, fornecedores de fornecedores, e operadores logísticos, a participarem de uma cadeia mundial de captação de pedidos, produção, montagem e logística de distribuição. Por exemplo, a IBM recebe de um grande banco um pedido de milhares de laptops para seus gerentes de contas utilizarem em todo o mundo. Ela coloca o pedido online para a Lenovo (seu fornecedor na China). Esta dispara uma mensagem para seu centro de distribuição mais próximo da IBM. O CD, por sua vez, dispara pedidos de resuprimentos para várias fábricas, que por sua vez dispara pedidos de resuprimentos de estoques que componentes, etc, etc. Resumindo, quando a IBM confirmar a aceitação do pedido ao banco, estarão ligados numa cadeia de suprimentos mais de vinte participantes em várias partes do mundo. Durante todo o período de suprimento do pedido do banco à IBM eles estarão inteligados por uma espécie de “cordão umbilical global”. As cadeias de suprimento globais são tão importantes, que hoje se considera que elas pairam acima dos fatores geo-políticos e das ideologias. Ou seja, onde exixtem empresas ganhando dinheiro nas cadeias globais de suprimentos os governos terão menos oportunidades para exercer sua costumeira “lambança” nacionalista, teocrática, ou orientada por qualquer tipo de ideologia. É porisso que a Índia, o maior país muçulmano do mundo, não está nem aí para os movimentos radicais dos árabes.
Já a Web 2.0 é fruto da Globalização 3.0. O termo Web 2.0 surgiu em 2004, criado por Tim O’Reilly, um irlandês entusiasta de movimentos de apoio ao software livre e código livre. O conceito propõe o desenvolvimento colaborativo de softwares complexos, via Web , que por sua vez se tornarão cada vez melhores, quanto mais sejam usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. Não se sinta na Idade da Pedra por nunca ter ouvido o termo. Provavelmente você ao menos já experimentou e não teve consciência disso. Os ícones dessa nova onda estão na boca do povo, vide YouTube (vídeos publicados na web), Google (maior site de buscas do mundo) e os sites de relacionamento como o Orkut (site de relacionamentos entre adolescentes) e o Linked In (que permite que você participe de uma cadeia de relacionamento de negócios, onde a rede de relacionamentos de quem aceitar seu convite, passa também a fazer parte da sua e vice versa).
A Web 2.0 tem sido a grande fonte inspiradora da humanidade para experimentos em novas dimensões de vida. Um bom exemplo disso é o “Second Life”, um simulador da vida real em mundo virtual totalmente 3D, onde cada jogador encontra um meio de sobreviver, aprendendo e desenvolvendo atividades lucrativas, que refletem em seu poder aquisitivo dentro do jogo. O negócio é tão sério que essa vida paralela, com mais de 2 milhões de “avatas” no mundo (nomes dados aos personagens virtuais), possui sua própria moeda, o Linde dollar (L$), que pode ser convertido em dólares verdadeiros, de acordo com sua cotação de câmbio. A “Second Life” pode parecer besteira, mas trata-se de uma excelente forma de treinamento para aqueles que se iniciam no mundo corporativo.Assim como você eu também me espanto com o volume de novidades que estão passando em baixo de nossos pés e, muitas vezes, nos atropelando pela velocidade como entram em nossas vidas. Há pouco tempo, vi uma apresentação na internet de Chris Anderson, publisher da Revista Wired, onde um dos gráficos apresentados em seu material apontava três blogs (posições 9, 24 e 39) entre as 40 mídias com maior audiência no mundo, concorrendo com New York Times, CNN, Guardian e a própria Wired. Recentemente, um estudo feito pela IC Digital no Brasil mostrou que Natura, Avon e O Boticário participam de mais de 280 blogs, como forma alternativa de promoção e vendas.

É realmente muita informação. Diante desse cenário, tenha a certeza de que quando esses assuntos chegam à grande mídia, é sinal de que já estamos atrasados, vivendo pelo menos uma dimensão atrás daquela mais avançada. E hoje, mais que nunca na história da humanidade, tempo é dinheiro.


2 comentários:

Anônimo disse...

Quando se trata de internet, avanços tecnológicos os seres humanos se surpreendem com tantas facilidades e descobertas que tornam a nossa vida mais simples. O que muitos ainda não pararam para pensar é na medida de tempo que estão esgotando de suas vidas muitas vezes ficando doentes pelo abuso das tecnologias. Muitos até trocam suas vidas, para viverem em outra dimensão, na dimensão virtual, não percebendo o quanto a estão perdendo de suas vidas em um meio que não existe. Ela facilita nossas vidas, desde que seja utilizada em doses homeopáticas e com responsabilidade.

Anônimo disse...

Oi André, muito bom o seu texto. Volta e meia me pego pensando num passado não tão remoto e fazendo aquela pergunta que todos (ou grande parte dos) que navegam na Internet já se fizeram um dia. Como pudemos viver sem. Mas a tecnologia, que não está acessível a todos, também já teve seus momentos em outras épocas. Quando surgiu o automóvel, por exemplo. Apenas alguns tinham tal privilégio. Assim como a TV, etc. Aí começo a pensar que não acompanhamos tal evolução, pelo menos enquanto seres humanos. Não há como. Seria interessante que ambas evoluíssem juntas, mas aí já é muita utopia não? Afinal, globalizamos um bocado de coisas, mas nem todas em prol do bem da humanidade. Um abração. Chico Maroneze